As Dores do Abandono - CPAD
Por
Don Schmierer e
Lela Gilbert
Infelizmente, uma
atitude de gratidão é, em geral, a primeira a desaparecer quando as coisas
ficam difíceis. E existem muitas coisas difíceis na vida para as quais não
encontramos respostas fáceis.
Perguntamos sobre
os motivos, e somos recompensados com o silêncio.
Já passei por
alguns desses desafios. Depois de um dos meus acidentes, o doutor gentilmente
informou sobre aquilo que provavelmente estaria à minha espera. Suas palavras
ainda soam aos meus ouvidos:
“Don, suas costas
estão tão ruins que se sofrer um escorregão nós teremos que empurrar você numa
cadeira de rodas pelo resto da sua vida”. Para dizer o mínimo, eu não estava
interessado em ouvir a notícia, nem no restante do que ele disse: “Se eu operar
as suas costas, você vai ter 50% de chance de ficar pior do que está agora. Meu
conselho é que você cerre os dentes e aprenda a suportar a dor”.
Depois dessas
palavras, eu fiquei realmente deprimido. Queria me enfiar no buraco escuro da
autopiedade. Não sei dizer como minha esposa enfrentou isso, mas de uma coisa
estou certo, ela estava orando com fervor e confiando no Senhor para conseguir
forças. Felizmente, algumas passagens das Escrituras vieram à minha mente,
exatamente no momento oportuno, antes que minhas emoções atingissem o nível
mais baixo. Uma delas foi Mateus 11.28: “Vinde a mim, todos os que estais
cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”. Encontrei outras palavras de encorajamento
em 1 Pedro 5.7: “Lançando sobre ele todo a vossa ansiedade, porque ele tem
cuidado de vós”.
O significado
desses versos para mim era que Jesus se preocupava com o meu sofrimento e
queria participar dele. Deus estava me dando uma grande oportunidade de me unir
ao seu Filho Jesus. Quando entendi as suas palavras, resolvi agradecer-lhe em
oração a cada manhã, pelo privilégio de dar o meu sofrimento a Jesus, e por
participar do seu sofrimento. Afinal de contas, Ele passou pelo indescritível
sofrimento de morrer na cruz e Ele fez isso por mim. Aquilo que antes eu havia
entendido como sendo parte totalmente negativa da existência humana tinha se
transformado em alguma coisa positiva - uma identidade especial com Jesus. A
dor não foi embora; eu simplesmente passei a encará-la de forma diferente.
Esse é um
importante princípio, afinal, se queremos realmente conhecer a Cristo e
experimentar o seu poder em nossa vida devemos participar do sofrimento pelo
qual Ele passou. Como Paulo escreveu: “Para o conhecer, e o poder da
ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos…” (Fp 3.10 - ARA). Num sentido
semelhante, quando sofremos, somos capazes de participar do sofrimento dos
nossos irmãos e irmãs em Cristo em todo o mundo.
Podemos oferecer o
nosso sofrimento a Cristo como um reconhecimento dos seus sofrimentos e dos
sofrimentos dos seus filhos, nossos irmãos. Ou podemos sentir pena de nós
mesmos. A escolha é nossa!
Mas quando
descobrimos a graça de agradecer a Deus por nossas lutas, recebemos a paz em
meio ao sofrimento. Acredito que existe uma grande parcela de verdade nas
palavras de Vaclev Havel: “Podemos descrever melhor a cura como sendo a
conquista da paz interior”. Quando fazemos as pazes com o nosso sofrimento,
tornamo-nos muito mais capazes de receber a cura. Mas somente se torna possível
experimentar a paz de Deus quando expressamos a Ele a nossa gratidão.
Infelizmente,
existem ocasiões em que nos recusamos a agradecer a Deus pelas nossas lutas
porque, em primeiro lugar, estamos magoados pelo fato de Ele ter permitido que
elas acontecessem. Dr. James Dobson fala francamente sobre isso em seu livro
When God Doesn’t Make Sense (Quando Deus não Faz Sentido):
Minha preocupação é que, aparentemente, muitos crentes pensem que Deus lhes
deva proporcionar uma viagem tranquila, ou, pelo menos, uma explicação
satisfatória (e talvez até algum pedido de desculpas) pelas dificuldades que
enfrentam. Entretanto, jamais devemos nos esquecer de que, afinal de contas,
Ele é Deus. Ele é o Soberano, Santo e Majestoso.
Não presta contas
a ninguém. Não é um garoto de recados à procura das missões que distribuímos.
Não é um gênio que sai da garrafa para satisfazer os nossos caprichos. Ele não
é nosso servo - nós é que somos servos dEle. E a razão da nossa existência é
glorificá-lo e honrá-lo.
Mesmo assim, Ele
resolve explicar os seus atos na nossa vida. Às vezes, sua presença é tão real
como se tivéssemos encontrado frente a frente.
Mas, outras vezes,
quando nada faz sentido - quando aquilo pelo que estamos passando não é justo,
quando nos sentimos totalmente sozinhos na sala de espera de Deus - Ele diz
simplesmente: “Confie em mim”.
### Texto extraído da
obra “Curando as Feridas do Passado: Encontrando, enfim, a Paz Interior”,
editada pela CPAD.
Nenhum comentário:
Postar um comentário