O Senhor é o meu pastor
Salmo de Davi
O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.
Ele me faz repousar em pastos verdejantes.
Leva-me para junto das águas de descanso;
Refrigera-me a alma.
Guia-me pelas veredas da justiça
Por amor do seu nome.
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte,
Não temerei mal nenhum,
Porque tu estás comigo;
O teu bordão e o teu cajado me consolam.
Preparas-me uma mesa
Na presença dos meus adversários,
Unges-me a cabeça com óleo;
O meu cálice transborda.
Bondade e misericórdia certamente me seguirão
Todos os dias da minha vida;
E habitarei na Casa do Senhor
Para todo o sempre.
Davi podia escrever a partir da sua rica experiência pessoal com as ovelhas: O Senhor é o meu pastor; nada me faltará, isto é, (não sentirei falta de qualquer coisa indispensável). Vamos citar sete provisões que o Pastor supre para suas ovelhas:
a) “Não me faltará completa satisfação” (23.2 a). Deitar-me faz em verdes pastos fala, literalmente, de pastos de capim macio e novo. Dizem que as ovelhas nunca se deitam, até que estejam satisfeitas. Cada necessidade espiritual é suprida. A figura transmite um completo descanso na satisfação proporcional pelo cuidado vigilante do grande Pastor. Hoje vemos algo bem diferente em virtude dessa agitação em que vivemos.
b) “Não me faltará orientação” (23.2 b). Guia-me mansamente a águas tranqüilas, ou “águas de descanso”. Com as necessidades do rebanho o salmista acrescenta o pensamento de orientação. O pastor verdadeiro não empurra ou impele o rebanho do Senhor, ele sempre guia as ovelhas a um lugar tranqüilo.
c) “Não me faltará restauração” (23.3 a). Refrigera a minha alma, isto é, Ele me aviva, renova e refresca. Esse é um tema recorrente do N. T. “O interior, contudo, se renova de dia em dia” (2Co 4.16); “E vos renoveis no espírito do vosso sentido” (Ef 4.23); “E vos vestides do novo, que se renova para o conhecimento” (Cl 3.10). Essa é a graça que sustenta a alma.
d) “Não me faltará instrução da justiça” (23.3 b). Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. As veredas da justiça são caminhos planos. Uma das funções das Escrituras é “instruir em justiça” (2 Tm 3.16). Deus não somente adverte contra o mal; Ele nos guia nos caminhos da justiça. Isso ocorre por amor do seu nome, provando o tipo de Deus que Ele é. O Deus cujo nome é santo (Sl 111.9; Mt 6.9), quer que seu povo também esteja em santidade (1 Pe 1.14-16).
e) “Não me faltará coragem diante do perigo” (23.4 a). Ainda que eu andasse pelo vale da sombra (hb., escuridão profunda e mortal) da morte, não temerei mal algum. Aqui está a certeza da ajuda no momento mais difícil da vida. A morte não é um adversário desprezível. Ela é o nosso último grande inimigo (1 Co 15.26). Se Deus pode nos dar coragem nesse momento, como tem dado a tantos outros, Ele pode nos ajudar em qualquer lugar. Mal é um termo amplo para qualquer tipo de dano ou perigo que possa nos sobrevir.
f) “Não me faltará a Presença Divina” (23.4b). Porque tu estás comigo. Esse é o motivo principal para toda a confiança do salmista. O Senhor não o deixará nem o desamparará (Ex 33.14; Dt 31.6-8; Js 1.5-9). Nessa Presença há força, conforto, descanso e esperança. Nesse ponto significativo a descrição (2-3) dá lugar à adoração.
g) “Não me faltará conforto na tristeza” (23.4c). A tua vara e teu cajado me consolam. O cajado do pastor tem três funções: ele é uma vara de proteção e um cajado no qual o pastor se apóia, servindo para o seu conforto e a sua curva serve para socorrer as ovelhas em perigo.
A idéia do completo suprimento de cada necessidade com a qual o salmo inicia continua controlando o seu desenvolvimento, mas a comparação muda do Pastor para o Anfitrião, do campo para a casa. Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos (5) retrata a marca da apreciação pública que o rei o oriental mostrava àquele que desejava honrar de uma maneira especial. Essa é a única referência passageira aos inimigos que aparecem descritos tão amplamente em ouros salmos de Davi. Unges minha cabeça com óleo: não é óleo da unção que era usado para empossar o rei ou o sacerdote; um outro termo hebraico é usado para esse fim. Esse era um óleo perfumoso amplamente usado em banquetes do Oriente antigo como marca de hospitalidade e favor. A cabeça ungida com óleo é uma figura bíblica comum para abundância de alegria. O meu cálice transborda simboliza a provisão abundante oferecida pelo generoso Anfitrião.
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida (6). O termo traduzido por certamente também significa “unicamente”. O salmista está confiante em que apenas a bondade e o amor imutável farão parte da sua vida. Habitarei na Casa do Senhor por longos dias, ou “para todo sempre” (ARA). Mas o significado mais profundo é mais do que uma longa vida nesta terra. Bondade e misericórdia (...) todos os dias da minha vida serão seguidos por um lar eterno na presença de Deus quando essa vida chegar ao fim (Jô 14.1-3).
Bibliografia:
A familia no Antigo Testamento – Esdras Bentho – Editora CPAD
Comentário Bíblico Beacon – Milo L. Chapman _ Editora CPAD
Bíblia Ilumina Gold
Enciclopédia da Vida de Jesus – Louis Claude Fillion – Editora Central Gospel
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